Alexya Salvador
tenta conciliar a Palavra de Deus com a ideologia de gênero
Alexya Salvador, mulher trans (36), pastora da Igreja da
Comunidade Metropolitana (ICM), é a 1ª pastora transgênera da América Latina.
Em entrevista ao Vice ela afirmou que “Cristo foi o primeiro homem trans”.
Ela esclarece que todos aprendem que desde o Gênesis existe
a Santa Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Deus, portanto, enviou o
seu filho para a Terra. “Jesus, o filho, tinha o gênero divino, correto? Então,
quando ele desceu para a terra ele passou a ter o gênero humano. Então, se
Jesus pode se transicionar, por que eu não posso?”, justifica Alexya.
A pastora pediu para se referir a ela na entrevista como uma
mulher transgênera e não transexual ou travesti. “Eu não teria problema nenhum
em dizer que sou travesti, mas nunca me prostituí e nunca vivi essa realidade
que muitas delas acabam vivendo por falta de apoio da família. Transexual eu
não sou porque não me considero doente”, comenta.
Salvador afirma que na ICM Deus é mulher. “Porque essa parte
masculina de Deus é muito feia. Esse Deus que fica 24 horas no trono, o Todo
Poderoso, que você esbarra em algo e ele te condena. A gente não faz essa
leitura, a gente acha que Deus é mãe, é amor”, considera.
A ICM tem por base a teologia da Libertação, doutrina
inclusivista, que se consolida no meio religioso por abraçar os grupos que de
alguma forma sofrem com as injustas condições econômicas, políticas ou sociais.
“Sou fruto da teologia da libertação já dentro da igreja
católica. Nós temos a função essencial pelo pobre marginalizado. É o povo
indígena é o negro, é a mulher. Esse é o foco da militância”, relata Alexya.
A líder da ICM fala que a igreja também possui adeptos
héteros. “Temos famílias homoafetivas, heteroafetivas que vão também. É uma
igreja de poucas pessoas porque nós não queremos os números, nós queremos qualidade”.
A pastora não observa o tema ‘sexo’ como um tabu. “Nós
consideramos sexo um presente de Deus, mas só quando ele é feito com
consciência, responsabilidade e consentimento”, ressalta.
“De resto, não sou dona do corpo de ninguém e acredito ser
ultrapassado esse modelo doutrinário do cristianismo de dizer que você não pode
comer carne nas sextas-feiras ou que tal coisa é pecado. Pecado é o que faz mal
para você e outra pessoa”, finaliza Alexya.
Fonte: GospelPrime